O cotidiano de pagamentos no Brasil foi rapidamente dominado pelo sistema Pix: plataforma do Banco Central lançada há alguns anos e integrada em celulares, aplicativos de banco, lojas virtuais, máquinas de cartão de crédito e outros aparelhos, o Pix se destaca por enviar e receber dinheiro de forma imediata, simples, segura e livre dos atrasos e taxas das tradicionais transferências por DOC ou TED. Atualmente, praticamente qualquer loja no país aceita receber o valor da compra via Pix, prestadores de serviço dão prioridade a esta modalidade, e até mesmo a coleta de doações, rifas e pagamentos para amigos e família acontecem através de uma chave Pix.
No entanto, isso não quer dizer que tudo seja perfeito – a popularidade do Pix o torna um alvo atraente para criminosos que buscam desenvolver golpes baseados no mal uso do sistema. Em particular, destaca-se que conseguir uma devolução de uma transação Pix feita erroneamente é um processo árduo e que, mesmo em situações de fraude, é frequentemente recusado pelo banco. Por isso, é importante conhecer o funcionamento dos golpes e evitar se tornar mais uma vítima. Confira.
Código QR adulterado
Os códigos QR, famosos quadradinhos pretos e brancos, são a evolução da tradicional tecnologia de códigos de barra – utilizando duas dimensões e um padrão de alinhamento, os códigos QR podem ser rapidamente identificados e lidos por câmeras de celulares ou leitores a laser e, com isso, transmitir dados de forma imediata. Os QR codes podem ser utilizados para divulgar páginas na internet, informações de contato, tokens de acesso em sistemas de segurança, identificação de funcionários, preços de produtos, entre milhares de outros usos, mas sua popularidade somente atingiu seu máximo graças à interação com plataformas de pagamento digital como o Pix: é possível escanear um código QR em um menu de restaurante ou caixa de supermercado e imediatamente transferir o valor da compra, sem nenhuma etapa adicional. Hoje em dia, é recomendável que lojistas tenham um QR code visível impresso em seu balcão.
O hábito de pagar simplesmente escaneando um código QR e confirmando a transação pode ser perigoso, como alerta a ExpressVPN, e é um dos principais mecanismos de golpe: criminosos visitam uma loja e fotografam a placa com o código QR, depois, recriam uma idêntica com seus próprios dados financeiros e discretamente substituem a original ou colam por cima, assim, as transações feitas pelos clientes caem na conta errada. Para se prevenir é importante confirmar o nome do estabelecimento após escanear o código, enviar comprovante digital e, caso seja lojista, garantir que a placa com o código QR esteja em uma parede ou balcão que não facilite sua substituição, por exemplo, posicionando-a atrás do vidro do caixa.
Mascotes do Pix e investimentos automáticos
Uma segunda categoria de golpe recebe destaque por sua rápida popularização em redes sociais como o Twitter, TikTok, WhatsApp e Instagram – se tratam dos mascotes do Pix, anúncios ou imagens que são compartilhados oferecendo uma conta Pix que, supostamente, é capaz de multiplicar o dinheiro recebido. Uma versão mais convincente do golpe promete um sistema de investimento automático, que aplica o dinheiro e devolve parte do lucro após alguns minutos.
A natureza do ataque é simples: a conta que recebe o dinheiro jamais o devolverá. Para aumentar o número de vítimas, golpistas criam lives ao vivo em plataformas como o TikTok onde simulam casos de sucesso: comentários falsos aparecem na tela enviando o dinheiro e, depois, confirmando que receberam a transação. No entanto, todas as contas e gravações são falsas, e os golpistas acumulam todo o saldo. Portanto, é crucial jamais enviar qualquer quantia – mesmo que pequena – para qualquer chave Pix que prometa algum tipo de devolução, lucro ou multiplicação do valor.
Comprovante falso
Prestadores de serviços, lojistas e vendedores são frequentemente alvos de um terceiro tipo de golpe: por meio de aplicativos disponíveis para Android, é possível criar comprovantes falsos extremamente realistas, com qualquer valor inserido pelo golpista, simulando os comprovantes criados por bancos como o Nubank, Inter, Itaú e Bradesco.
A estratégia desse golpe envolve a compra de um produto ou serviço e, na hora do pagamento via Pix, enviar apenas um valor extremamente baixo – como um real. No entanto, logo de imediato, o golpista distrai a vítima e mostra ou envia o comprovante adulterado – que mostrará a data real, logotipo do banco, e valor completo. A ideia é que a vítima só perceba o golpe mais tarde, quando verificar o saldo em conta no fim do dia.
Para evitar este golpe, a recomendação é sempre conferir de imediato o valor na conta – as transações Pix ocorrem de forma imediata e direta, assim, não há qualquer justificativa para um comprovante apresentado sem o valor em conta, ou com discrepância entre o valor mostrado e o valor recebido.
A plataforma Pix modernizou todo o sistema de pagamentos no Brasil, e a tendência é sua inserção em cada vez mais serviços cotidianos – no entanto, é importante criar bons hábitos de segurança para evitar se tornar vítima dos crescentes golpes com Pix.