A primeira etapa para o desenvolvimento de produtos é conhecida como Product Discovery. Essa prática essencial consiste na investigação e pesquisa visando desenvolver um produto que atenda tanto os desejos e necessidade dos consumidores, quanto aos objetivos da empresa.
Por isso, não somente os usuários são alvos do Product Discovery, como também os negócios, através de avaliações, mudanças de procedimentos e negociações entre as partes envolvidas. Este é o estágio da testagem de hipóteses. Tal procedimento é fundamental na garantia do desenvolvimento de um produto que satisfaça aos clientes e a companhia, portanto possui grande importância.
Motivos para fazer o discovery
Um dos pilares do Product Discovery é ouvir os consumidores. Autores como Steve Blank e Teresa Torres destacam a importância de ir além das opiniões dos acionistas e buscar se conectar diretamente com as impressões dos clientes.
O Product Discovery evita que as decisões sejam tomadas baseadas apenas em especulações dos empreendedores, que muitas vezes podem estar enviesados por suas paixões. Ao invés disso, esta ferramenta se baseia em dados e na elaboração de um sistema para testagem de hipóteses.
Isso gera inúmeras vantagens, como o fato de os riscos serem assumidos logo no início, o foco na solução de problemas e a criação de um ambiente colaborativo na construção do projeto.
Quando fazer (ou não)
O discovery é uma etapa primária que pode ser feita em qualquer momento do ciclo de vida de um produto. Portanto, também pode ser usada na elaboração de uma nova funcionalidade para determinado produto que já tenha sido lançado.
Realizar o discovery é altamente recomendado em situações onde pouco se sabe sobre o problema que precisa ser resolvido, quando é detectada necessidade de aumentar o contato com os usuários, quando a equipe se propõe a encontrar uma solução completamente diferente do habitual, e outros cenários do tipo.
No entanto, esta é uma prática que demanda tempo e recursos, por isso é importante avaliar se a sua adoção é realmente necessária. Nesta avaliação pode- se considerar o grau do risco, as perspectivas de retorno com a oportunidade, a clareza dos propósitos com relação ao produto ou as mudanças, dentre outros fatores.
Nem sempre o discovery poderá ser adotado e há casos em que, de fato, esta ferramenta não é imprescindível, por exemplo, quando já há histórico de contatos com consumidores ou experiência em lidar com determinado tipo de problema, quando a solução não é muito complexa e pode ser implementada com rapidez, quando há um grau baixo de risco envolvendo a hipótese a ser testada, etc.
Fases do discovery
A primeira fase é conhecida como exploração ou alinhamento e consiste na formação da equipe que irá trabalhar na solução do problema. Já a segunda fase é a pesquisa e consiste na realização de entrevistas com os consumidores.
Em seguida, há a fase da ideação, onde a equipe irá elaborar hipóteses de solução que serão testadas posteriormente na quarta etapa conhecida como valoração e prototipação. Por fim, o protótipo chega à etapa de refinamento, onde será desenvolvido um MVP (Mínimo Produto Viável), que será encaminhado para testar a reação do mercado.
Outras possibilidades
Derivado do Product Discovery, foi criado o Continuous Discovery, uma prática para busca de problemas e testagem de hipóteses em todas as etapas do ciclo de vida do produto.
Este procedimento divide-se em três estágios. O primeiro deles é a definição do objetivo negócio, para que se possam encontrar oportunidades. A definição das oportunidades, que consiste na realização de pesquisa para elencar as prioridades e desejos dos usuários, é o segundo estágio. Por fim, há o estágio das soluções, onde ocorre a testagem de hipóteses e avaliações.