O marketing raramente oferece momentos aborrecidos, pois as mudanças sociais cada vez mais céleres exigem dos marketeers grande adaptabilidade. Mas se isto é verdade para o marketing em geral, no caso do nicho do turismo e viagens, os últimos dois anos trouxeram enormes desafios à recuperação de um setor que passou por muitas dificuldades.
Considerando que em 2022 praticamente toda a gente quer recuperar as oportunidades de viagem perdidas, o panorama turístico passa por uma procura mais exigente e uma oferta que busca compensar as perdas resultantes do apocalipse pandêmico.
Estratégias visuais de marketing de viagens
As pessoas não necessitam somente de se sentirem inspiradas pelo destino da viagem, precisam igualmente de ver imagens que as levem a imaginar-se desfrutando dos locais, dos hotéis e das paisagens exóticas. E para as fazer sentirem-se imersas nas suas propostas de destinos turísticos, pode começar por criar convites online grátis que estimulam a imaginação de quem os recebe.
Sabendo que os conteúdos criados pelos viajantes são na sua maioria imagens, em particular as publicadas nas redes sociais, é importante analisar essas publicações: cerca de um terço das imagens compartilhadas são de paisagens, outro terço contém outras pessoas (habitualmente as crianças da família e outros parentes) e, em minoria, as imagens da gastronomia e da fauna ou da flora locais.
Assim, o marketing dirigido à divulgação de instalações (quartos de hotel, por exemplo) não será inspirador para muitas pessoas. É sensato apostar na publicação de lindas paisagens onde os destinatários das campanhas se possam imaginar vivendo os melhores dias de suas vidas. Pode até nem necessitar de investimento, pois os conteúdos dos seus clientes podem dar corpo a uma campanha mais orgânica.
Viagens longas e para toda a família estão de volta
Uma vez que as viagens de família compreendem um universo de 25% de todas as viagens, o declínio desta importância durante a pandemia está deixando rapidamente de se verificar. Deste modo, os agentes de marketing devem enquadrar a família média nas suas campanhas, sendo certo que as crianças têm hoje muita influência nas escolhas da família.
Outra tendência que se volta a consolidar é a viagem de longo curso. Deste modo, aumentam os voos internacionais e transcontinentais associados a viagens turísticas, com especial relevância dos voos com duração superior a 4 horas. Por conseguinte, a aposta em destinos mais longínquos pode ser bastante compensadora.
Inclusão social e envolvimento comunitário entraram na equação
Esse é talvez o maior desafio que se coloca ao marketing de viagens neste momento pós-pandêmico. Com efeito, os consumidores de viagens estão cada vez mais atentos às campanhas mediáticas que incluem preocupações com acessibilidades e diversidade. E uma larga maioria de viajantes escolhem determinados pacotes turísticos por se sentirem representados nessas campanhas.
A diversidade pode dizer respeito à raça, ao gênero, à idade ou à deficiência. Campanhas de marketing de viagens que considerem a interseccionalidade poderão ser muito bem sucedidas em largas franjas da população jovem adulta.
As campanhas deverão evitar estereótipos e procurar representar os grupos mencionados de forma digna. Deverá também considerar a utilização de material facilmente legível e compreensível por qualquer pessoa, independente da sua limitação física ou cognitiva.
Outra das tendências atuais no marketing de viagens tem que ver com a atenção que os viajantes dão ao engajamento comunitário que podem concretizar no seu destino turístico. Muito do turismo atual tem componente solidária, pelo que pode ser importante envidar parcerias com agentes de desenvolvimento social e comunitário locais, de modo a permitir aos seus clientes o envolvimento em atividades socialmente relevantes.
A sustentabilidade como atrativo primordial
Os consumidores de viagens prestam hoje muita atenção ao ambiente e à sustentabilidade. De resto, muitos viajantes já relataram ter preterido determinados destinos por terem dúvidas relativamente ao compromisso com as preocupações de sustentabilidade ambiental veiculadas nas campanhas mediáticas. Deste modo, os destinos turísticos devem ter demonstrações transparentes e verificáveis das suas políticas de sustentabilidade.
Os encargos adicionais que se têm que suportar pela sustentabilidade não assustam quem com ela se preocupa. Com efeito, três quartos dos turistas declararam não rejeitar pagar mais se tiverem a garantia de que o seu destino, meio de transporte ou alojamento estão comprometidos com o apoio à cultura e comunidade locais. Logo, a disponibilização de informação relativa à sustentabilidade é um recurso valioso nas campanhas.
Outro aspecto importante das preocupações com sustentabilidade tem que ver com a inclusão de programas dirigidos à promoção das culturas locais, designadamente as visitas a locais históricos e o contacto com modos de vida tradicionais ou ancestrais, caso estes ainda lá existam.
Conclusões
O marketing de viagens pode prosseguir caminhos já trilhados: apostar em imagens de praias paradisíacas ou monumentos imponentes e ter como destinos metrópoles cosmopolitas ou enormes estâncias balneares.
Todavia, a realidade atual muito mais segmentada, traz novos desafios à atividade do marketing de viagens, porquanto novas sensibilidades e preocupações fazem emergir nos consumidores renovadas exigências e aspirações.